Olha que coisa bonita demais da conta sô!! localizado no site desta dupla maravilhosa Geraldo Viola e Dino Guedes ...A viola caipira tal qual conhecemos hoje tem uma história muito interessante, nasceu na península Ibérica (Portugal e Espanha) no período renascentista, mas, enquanto instrumento, a viola surgiu da influencia árabe e tem como seu antecessor um outro instrumento, o alaúde (al'úd) que naquele idioma significa “madeira”.
...O alaúde árabe, cultivado e difundido através de séculos e terras, na medida em que foi enriquecendo e enobrecendo
seu formato e sua sonoridade, passou a incentivar a melhoria de instrumentos congêneres, dentre eles a fídula.
...A viola, tem este nome - ainda segundo Luis Soler - porque deriva do termo fidula, latino, diminutivo por sua vez de fides, um antigo tipo de lira greco-romana, de cordas pulsadas. Da fidula, por outra parte, derivam também os nomes de grande variedade de instrumentos europeus de cordas: a viola dos trovadores, a vièlle francesa , a vihuela espanhola , a viola portuguesa e italiana. E, ainda, o fiedel alemão e o fiddle inglês.
...A vihuela hispânica, sobretudo, copiou muito do aláude, divergindo do mesmo, apenas, em alguns aspectos de formas tradicionais na viola, aos quais não quis renunciar". "a vihuela, ou viola como era chamada em terras galaico-portuguesas, distingue-se do alaúde no formato da caixa: em lugar do fundo bojudo, de 'meia-pera', ela apresenta dois tampos planos, um inferior e outro superior, interligados por altas ilhargas e com uma cintura quase idêntica a do atual violão. Este tipo de viola, já perfeitamente definida e muito popular no Portugal renascentista, é a que veio para o sertão brasileiro e hoje, conhecida com o nome de “viola caipira” ou 'viola sertaneja' . Como vemos, a nossa querida viola é um instrumento histórico. Nasceu na Europa em período próximo ao do descobrimento do Brasil, embora seus avós já contassem com séculos de existência. Talvez, dada esta semelhança cronológica e à receptividade que obteve por aqui, a viola tenha se "naturalizado" brasileira e, hoje, podemos dizer que é um instrumento tipicamente nosso, pois não "quis" fixar-se em sua terra natal.
SEJA BEM VINDA VIOLA... NESTA TERRA DE SANTA CRUZ
...A viola foi introduzida no Brasil, no período da colonização, pelos jesuítas e colonos portugueses, com o nome de vihuela. Aqui, em contato com outras culturas, principalmente a indígena e a africana, ela adquiriu características próprias, condizentes com cada região, e com o grau de intensidade desta miscigenação. Encontramos assim, os mais variados tipos de viola, como a “viola de cocho”, “a viola de buriti”, “a viola de cabaça”, “a viola de madeiras de variadas espécies”, violas com diferentes números de cordas e com as mais variadas afinações. Existem dois grandes focos de viola no Brasil com manifestações musicais bem distintas; a região Nordeste, e a região Centro-Sul. No Nordeste, a viola é mais conhecida com o nome de viola sertaneja, e a de uso mais comum é denominada "viola dinâmica", de tamanho igual ao do violão e com o tampo contendo vários "ressoadores", que emitem um timbre bem peculiar. Sua afinação mais usada é a natural, semelhante à do violão, suprimindo a sexta corda. Na região Centro-Sul, abrangendo principalmente os estados de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, a viola é conhecida com o nome de viola caipira, instrumento menor que o violão, e com diversas afinações, sendo as mais comuns, as afinações "Cebolão", "Boiadeira", "Rio Abaixo" e a afinação Guitarra". Ainda precisamos citar a viola de 12 cordas que na verdade é a craviola ou vilão de 12 cordas com afinação natural, igual à do violão porem agora não suprimindo a 6ª corda como é o caso citado anteriormente. Na cidade de Uchoa no interior de São Paulo, encontramos um exemplar da viola de 15 cordas sendo 5 conjuntos de 3 com afinação “Cebolão” este instrumento é de propriedade dos irmãos Binatti o Alício e o Durval, eles que são um dos melhores fabricantes de viola do mundo e assim, foi a recepção aqui no Brasil deste instrumento que a cada dia nos surpreende com timbres, formas, afinações diferentes, mas, bem criativa, assim como é o nosso povo.
VAMOS FALAR DA VIOLA
...Falar da Viola Caipira é falar de um dos símbolos mais fortes da cultura popular brasileira. A Viola Caipira é sem sombra de dúvidas um dos instrumentos, senão o mais importante, o mais popular instrumento de nossa cultura popular a viola tem um som, um timbre, inconfundível e inimitável. Ouvi-la, é ouvir as profundezas dos sertões brasileiros, é ouvir a ciriema, é ouvir o badalo do carrilhão da fazenda, o trenzinho maria-fumaça, é ouvir os sons da natureza, enfim, só quem é da roça, ou já passou por lá, pode saber este significado; tocá-la é um privilégio e dizem por aí que o tinido da viola tem o som do sertão. A viola tem o privilégio de religar o homem às suas origens naturais, ela transporta a nós, violeiros e ouvintes às nossas raízes que são sertanejas, assim podemos afirmar que ate mesmo quem nunca morou na roça, nunca teve contato com a vida sertaneja, quando em contato com a viola parece que num passo de mágica se transforma em um sertanejo, arrepia, sente a sensibilidade falar mais alto, isto porque o Brasil é um pais essencialmente sertanejo e todos estão ligados de uma forma ou de outra a essa filosofia de vida sertaneja; a esta raiz.
...A viola, esta fiel companheira dos mais profundos sentimentos, ressurge em nossos dias com uma força admirável, hoje, a viola chegou com muita virtuosidade aos Teatros, Auditórios e Universidades. Ao contrário de desaparecer, a viola caipira está cada vez mais e mais presente em nossas vidas, tanto na roça como na cidade. Atualmente a viola está nas mãos dos jovens. Há uma nova geração redescobrindo a beleza do ponteio desse instrumento-símbolo do Brasil, é a “geração viola” que está alastrando como fogo no palheiro , graças a Deus diga-se de passagem porque saber ouvir a viola é conseguir mergulhar na poesia pura, melodiosa, na harmonia; a viola e violeiros não estimulam a violência nem a prostituição, os maus hábitos, ao contrário estimula sim , ao prazer gratuito, as coisas naturais e assim a nossa querida viola está contribuindo para uma geração mais saudável, alegre e feliz.
...O Brasil experimenta nos dias atuais uma nova dicção no âmbito cultural abrindo desta maneira um novo horizonte que nos leva ao resgate e à preservação de nossas raízes culturais, reafirmando o profundo respeito com a nossa viola caipira, o símbolo máximo da cultura popular brasileira.
DISSERAM QUE A VIOLA ESTAVA MORTA
...Nossa identidade cultural tem sofrido abalos que resultam em prejuízos irreparáveis em função do mass mídia. A massificação da indústria de resultados trabalha com o foco no lucro e esse movimento, sem querer desmerecer o seu valor, não privilegia a cultura regional, que, no Brasil é ampla e muito rica. Cada região tem suas características, suas histórias, hábitos e costumes, etc... e isso, compõe o que referencio de cultura regional; e o conjunto de culturas regionais, constitui a nossa brasilidade, que está sendo engolida pela cultura de massa ou seja estamos perdendo a nossa identidade cultural, diante deste raciocínio, os tecnocratas do lucro criaram o pensamento de que a viola estava morta e junto com ela esse “caipirismo” brasileiro; debochando é claro de nossa própria identidade.
...Essa industria sem se preocupar com a conseqüência de suas atitudes começaram a jogar no mercado todo tipo coisa, intitulada de música, estimulando intensamente a sexualidade, a violência e a prostituição. “Era a morte da verdadeira música caipira” e essa idéia cresceu muito, ocupando todos os espaços na mídia, causando inclusive um dano cultural irreparável à nossa sociedade. De repente milhares de consumidores, admiradores da música caipira ficaram órfãos, marginalizados dentro de seus próprios sentimentos, exilados dentro de sua própria cultura com saudades da velha e boa musica caipira, as modas de viola,o cururu, o cateretê, a catira, a toada o bom e irreverente pagode. Desta forma, a cultura do caipira caiu na clandestinidade, e muitas duplas, chegaram, por ordem de seus produtores a mudar até mesmo a maneira de vestir, buscando assimilar traços da cultura urbana, de uma sociedade mais civilizada e moderna. Vale dizer que a idéia não foi feliz e algum tempo depois, as duplas reassumem seus traços verdadeiros, a seus próprios estilos.
...Nessa atitude hostil e agressiva, nessa verdadeira caça às bruxas, nesse bombardeio contra a cultura caipira e todos os seus representantes não sobrou quase ninguém. Foram quase todos atingidos em cheio – desde produtores, intérpretes até consumidores. Falava-se num tal de caipirismo com um forte ranço de ironia e desprezo, pois o que valia agora era a novidade, a modernidade, o pop . Assim - duplas como Tonico e Tinoco, Liu e Léu, Zico e Zeca, Vieira e Vieirinha e tantas outras foram aos poucos sendo colocadas fora do reluzente e majestoso círculo do sucesso. Aqueles que no passado comandavam o espetáculo passaram a viver na platéia, na periferia da fama. Foram, de certa forma, cobertos por uma densa capa de preconceitos. Até mesmo os mais convictos defensores dessa cultura caipira começaram colocar em cheque o seu gosto e a sua preferência musical. Nesse período, a música caipira, a viola caipira e muitos dos cantadores permaneceram aparentemente em silêncio, porém fortes, resistentes e convictos de seu verdadeiro papel na preservação de nossas raízes culturais. Definiu-se, então, um público fiel e defensor de suas origens. É o público que jamais entregou os pontos, mesmo porque sabia da força e de todo o potencial dessa cultura nascida da alma brasileira. A verdade é que hoje percebemos claramente a retomada de um sentimento exaltando a viola caipira, o universo do sertão e a tradição que nasce na alma brasileira. Isso vem reforçar a idéia de que tudo aquilo que possui estrutura sólida, bases profundas resiste a qualquer vendaval. Assim aconteceu e acontece com a cultura caipira, resistiu ao tempo e ao poder econômico. Percebemos ainda que a viola de dez cordas deixou de ser um instrumento apenas de duplas caipiras para se transformar num instrumento de grandes solistas e, por isso mesmo ganhando um público diverso e imenso. Isto sem contar que a grande maioria desses violeiros são jovens que sobrevivem e resistem dentro de um universo musical dominado praticamente pelo sertanejo romântico. Bem feito... Viola cabocla, viola de pinho, viola sertaneja, vila de 10 cordas, viola caipira, viola minha viola você resistiu e resistirá você é brasileira e veio pra “FICÁ”.
Dino Guedes